quarta-feira, junho 14, 2006

Um dia olhei para o céu e imaginei que já te conhecia. Que te conheci muito antes de te encontrar. Que sem sabermos, nos cruzámos uma e outra vez, passando anónimos um pelo outro, talvez trocando olhares de curiosidade fortuita; que estivemos tão perto de nos conhecermos, de sermos um do outro. Ilusão apenas; um devaneio característico de alguém solitário que enganado pelo destino, procura a felicidade. Imaginei que a Vida nos prometeu um ao outro à nascença apesar de nascermos separados e que o Destino nos juntou finalmente. Agora, tenho medo que nos voltem a separar… Se eu pudesse voltar atrás no tempo, e encontrar-te antes de tudo ter acontecido, seria mais feliz. Mas eu não tenho esse direito; essa é a tua vida, e apenas tu tens esse direito. Mas se eu o tivesse… será que valeria a pena? Nunca serias quem és agora, pois foi o que viveste que te fez quem és. Serias diferente, não serias tu; e isso seria apenas pior.
Hoje, as coisas perderam a sua inocência, e debaixo de um céu que deixou de ser azul para passar a ser cinzento, eu olho para o infinito tentando descobrir a diferença entre o passado, o presente e o futuro; tento diferenciar se no passado os dias brilhavam mais do que no presente; tento adivinhar se no futuro a chuva será mais molhada do que no passado… tento recuperar e viver ao mesmo tempo o passado, o presente e o futuro. Suspiro, e impotente perante uma vida complexa demais para a minha ínfima compreensão, espero apenas que o céu volte a ser azul. Ninguém sabe como dói fechar os olhos, e acreditar que ao abri-los, vou encontrar a felicidade. Às vezes… sinto saudades. Saudades de um passado inexistente e que não irá voltar nunca. Saudades de um presente que não consigo viver livremente porque é demasiado doloroso… Saudades de um futuro que não sei se algum dia chegará a existir, ou se será feliz.
E o que me dói é a felicidade que me abençoou. É a felicidade de seres para sempre minha, mas não teres sido sempre minha. É algo que nos une e ao mesmo tempo nos afasta, ao mesmo tempo que lentamente destrói a minha alma. É a dor pungente de querer ser alguém que nunca fui e nunca serei, que trespassa o meu coração que pouco a pouco vai perdendo o sangue, deixando de bater, à medida que me vou aproximando de ti, que toco a tua pele, que sinto a tua respiração, que passo a mão pelos teus cabelos. São o teu sorriso e a tua inocência perdidos para sempre nos corredores do tempo, entregues a alguém que apenas por um momento te amou, mas perdidos por causa de uma vida que foi cruel para qualquer um de nós. Nesse momento, o meu coração pára de bater, e eu morro, para voltar a viver apenas nos instantes em que me abraças e olhando-me nos olhos dizes baixinho que me amas. Contudo, de vez em quando, apercebo-me que nos teus olhos o teu sorriso de criança ainda existe, esperando pelo dia em que alguém o fará reviver, desta vez para nunca mais desaparecer do teu rosto. Se um dia encontrares alguém que te o devolva, eu serei feliz, e poderei então morrer em paz, pois finalmente vi a tua alma sorrir.
Hoje, no entanto, tento voltar a ser quem era, mas depois de ti nunca mais serei o mesmo. O mundo agora será sempre diferente. Se para pior ou para melhor, não sei. Ninguém sabe, apenas o futuro o dirá… Apenas sei que sou frágil demais para aguentar sozinho tamanha dor. Contigo a meu lado, tudo seria mais fácil.
Como se diz a uma pessoa que a amamos e que mesmo que queiramos, não a conseguiremos nunca magoar? Desculpa, mas não poderei nunca e jamais esquecer-te. O teu rosto, o teu perfume, o teu toque, as tuas lágrimas, resistirão para sempre na minha memória muito depois de eu morrer. Tu resistirás em mim. Afinal, o Amor é eterno.
Esta noite, sonhei que te perdia para o teu passado. Enquanto sonhava, chorei.
13/06/2006

segunda-feira, junho 05, 2006

Deep Soul Feeling...


Sinto-me como o Enrique:
"You don't know how much it hurts when you fall asleep in my arms"