quinta-feira, maio 19, 2016

Companhia Nocturna



É noite lá fora. É fria, mas é também escura e silenciosa, como eu gosto. Só assim consigo ouvir os verdadeiros pensamentos da alma. Sento-me no chão em frente à lareira e olho o lume. As labaredas dançam hipnotizadas pelos meus olhos cheios de sonhos saídos da minha imaginação.
Crio mundos, crio vidas, crio universos inteiros sem fim, ao som crepitante da quente dança das chamas.
Atrás de mim, a casa enche-se de cores, sons, cheiros e movimentos de lugares que só existem dentro de mim. É um não acabar de uma infinidade de vida que me faz companhia e me aquece,
Mas elas apagam-se. E os meus universos, os meus mundos, as minhas vidas e criações apagam-se com elas. As chamas não me aquecem, mas a companhia sim. Quando ela se vai, volta o frio.
E eu fico sozinho na noite escura, com uma réstia de calor do outrora fogo companheiro de criação.