Companhia Nocturna
É
noite lá fora. É fria, mas é também escura e silenciosa, como eu gosto. Só
assim consigo ouvir os verdadeiros pensamentos da alma. Sento-me no chão em
frente à lareira e olho o lume. As labaredas dançam hipnotizadas pelos meus
olhos cheios de sonhos saídos da minha imaginação.
Crio
mundos, crio vidas, crio universos inteiros sem fim, ao som crepitante da
quente dança das chamas.
Atrás
de mim, a casa enche-se de cores, sons, cheiros e movimentos de lugares que só
existem dentro de mim. É um não acabar de uma infinidade de vida que me faz
companhia e me aquece,
Mas
elas apagam-se. E os meus universos, os meus mundos, as minhas vidas e criações
apagam-se com elas. As chamas não me aquecem, mas a companhia sim. Quando ela
se vai, volta o frio.
E
eu fico sozinho na noite escura, com uma réstia de calor do outrora fogo
companheiro de criação.
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