sexta-feira, janeiro 07, 2011

A chuva azul

No céu azul, o amarelo dourado do sol brilhante vai dando lugar ao cinzento das nuvens de chuva que a pouco e pouco vão aumentando de número, trazidas pelo vento através de uma viagem encantada. Esse mesmo vento que começara por soprar ligeiramente, fazendo os meus cabelos esvoaçar suavemente, os caracóis dançando alegre e compassadamente, sopra agora com mais força, transformando a dança num ritmo frenético e despenteado que me invade a face. A chuva começa a cair e traz as minhas lágrimas com ela. A dor de te perder para sempre impede-me de mexer, ao mesmo tempo que abro os braços para receber a água caída do céu, enviada pelos anjos para lavar a minha dor, o meu coração e a minha alma. Para lavar tudo menos a minha memória e as recordações que tenho de ti e do tempo em que éramos um só.
Ao mesmo tempo sinto as lágrimas que te correm pela face como se minhas fossem; são salgadas e juntando-se às minhas substituem as lágrimas de sangue que o meu coração chora por ti. Unamos as nossas almas e choremos num só ser, numa só dor.
Entretanto, passada a chuva, a noite chega e com ela as estrelas que enfeitam o infinito. Contudo, o meu infinito deixou de o ser e o meu céu tem menos uma estrela a enfeitá-lo; a mais importante: tu!
Como posso dormir com a tua voz na minha cabeça? Como posso dormir com a presença da tua ausência, pôr-do-sol eterno no meu coração? Compreendes a minha alma morta a chamar-te, vazia de ti?