A piece of the puzzle...
“-Pode ajudar-me a ser normal?”
“-Após as provações desta noite, Kurt, é isso que desejas?”
“-Talvez não, só quero ser um Kurt Wagner inteiro.” “Se conseguir isso, professor, irei consigo.”
Eu só quero ser inteiro, não sofrer, não fazer sofrer os outros, não os decepcionar. Para tal falta-me muito, falta-me pouco, falta-me muito, muito pouco. E eu desespero. Falta o que faz a diferença. A diferença entre ser maior ou menor, sentir e viver ou simplesmente existir. A diferença de ser igual e não inferior; de não sentir dor. A diferença entre cair no chão ou aterrar de pé. A diferença entre ser alguém ou ser apenas um corpo inerte. Falta-me uma pequena peça do puzzle, perdida num dia de chuva ou nevoeiro... pequena mas ainda assim importante, que iria unir todas as outras. Encontrei já a maior e mais importante, mas sem a mais pequena nunca serei completo. E quem é incompleto, não é nem poderá nunca ser perfeito... Só que agora já é demasiado tarde para a ter. O pouco que falta deixa de estar completamente e de vez fora do meu alcance, logo agora que tinha capacidade para a alcançar, numa qualquer manhã em que o sol quente brilhasse no céu sem nuvens. Nada à minha volta será jamais um jardim de flores para eu aproveitar, ainda que melhor ou pior; nada me marcou para sempre... Nunca vou saber o que é tal sensação. Por isso nunca serei inteiro. E isso leva-me a ter medo de nunca ser feliz na vida.
E o pior? O pior é que apenas me falta viver uma noite e um dia. Uma noite e um dia que tenho a menos, que nunca aconteceram; uma pequena peça que iria completar o puzzle da minha vida. E não percebo porque o destino não quis que eu tivesse direito a encontrar essa pequena peça. Não tenho direito a ser completo e feliz como todas as outras pessoas? Estou destinado a ficar incompleto e imperfeito para sempre. Para mim não haverá arco-íris nem jardim de flores à minha volta... Contudo, como último pedido antes do golpe final, gostava de pelo menos uma vez na vida fazer as coisas à minha maneira, onde, quando e como eu decidir. Será demasiado, apenas por um momento pequeno mas intenso e profundo como uma lágrima, sonhar com uma falsa ilusão de perfeição?
“-Após as provações desta noite, Kurt, é isso que desejas?”
“-Talvez não, só quero ser um Kurt Wagner inteiro.” “Se conseguir isso, professor, irei consigo.”
Eu só quero ser inteiro, não sofrer, não fazer sofrer os outros, não os decepcionar. Para tal falta-me muito, falta-me pouco, falta-me muito, muito pouco. E eu desespero. Falta o que faz a diferença. A diferença entre ser maior ou menor, sentir e viver ou simplesmente existir. A diferença de ser igual e não inferior; de não sentir dor. A diferença entre cair no chão ou aterrar de pé. A diferença entre ser alguém ou ser apenas um corpo inerte. Falta-me uma pequena peça do puzzle, perdida num dia de chuva ou nevoeiro... pequena mas ainda assim importante, que iria unir todas as outras. Encontrei já a maior e mais importante, mas sem a mais pequena nunca serei completo. E quem é incompleto, não é nem poderá nunca ser perfeito... Só que agora já é demasiado tarde para a ter. O pouco que falta deixa de estar completamente e de vez fora do meu alcance, logo agora que tinha capacidade para a alcançar, numa qualquer manhã em que o sol quente brilhasse no céu sem nuvens. Nada à minha volta será jamais um jardim de flores para eu aproveitar, ainda que melhor ou pior; nada me marcou para sempre... Nunca vou saber o que é tal sensação. Por isso nunca serei inteiro. E isso leva-me a ter medo de nunca ser feliz na vida.
E o pior? O pior é que apenas me falta viver uma noite e um dia. Uma noite e um dia que tenho a menos, que nunca aconteceram; uma pequena peça que iria completar o puzzle da minha vida. E não percebo porque o destino não quis que eu tivesse direito a encontrar essa pequena peça. Não tenho direito a ser completo e feliz como todas as outras pessoas? Estou destinado a ficar incompleto e imperfeito para sempre. Para mim não haverá arco-íris nem jardim de flores à minha volta... Contudo, como último pedido antes do golpe final, gostava de pelo menos uma vez na vida fazer as coisas à minha maneira, onde, quando e como eu decidir. Será demasiado, apenas por um momento pequeno mas intenso e profundo como uma lágrima, sonhar com uma falsa ilusão de perfeição?