Falhar

Meus amigos:

Perdoem-me! Primeiro que tudo, por ainda usar a palavra “amigos” para vos designar. Deve ser a última coisa que vocês querem ouvir da minha boca.

Eu fracassei.

Era suposto ter sido vitorioso. Lutava não só por mim, mas também por todos vocês, que depositaram em mim as vossas esperanças, que ansiavam pelo meu triunfo, pela minha vitória. Mas eu falhei e desiludi-vos. Prometi que ao vencer, todos venceríamos, convenci-vos a todos a apoiarem-me, a ajudarem-me e no final, não fui capaz de justificar as espectativas que tinham em mim.

Era suposto eu ter vencido, ultrapassado todos os obstáculos e chegar onde nunca ninguém chegou. Não consegui e assim traí a vossa confiança. As minhas palavras prometeram-vos a vitória, mas acabaram por ser vãs, porque acabei por não me esforçar o suficiente por vencer. Fiz tudo para vos convencer, e depois disso desiludi-vos. Mas até eu próprio acreditei nas minhas palavras e nas minhas boas intenções. Mas só isso não chega e por isso falhei.

Podem não acreditar, mas não há ninguém mais desiludido comigo do que eu próprio. A ninguém dói mais do que a mim. Não sei o que falhou. Talvez eu não tenha acreditado em mim próprio como deveria. Como vocês acreditaram. Agora é tarde. Agora tudo está perdido por minha causa. Sei que não me podem perdoar, apesar de eu ter tido as melhores intenções para todos nós, mas peço apenas que não pensem que fiz de propósito.

E acima de tudo, peço que não esqueçam todos os momentos que vivemos, tudo o que rimos, tudo o que nos divertimos, antes deste infeliz e trágico momento acontecer.